segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Júpiter e alguns outros mundos


Revista Espírita, março de 1858
Antes de entrarmos nos detalhes das revelações que os Espíritos nos fizeram, sobre o estado dos diferentes mundos, vejamos a quais conseqüências lógicas poderemos chegar, por nós mesmos e unicamente pelo raciocínio. Reportando-se à escala espírita que demos no precedente número, pedimos às pessoas desejosas de aprofundarem seriamente essa ciência nova, estudarem com cuidado esse quadro e dele se compenetrarem; nele encontrarão a chave de mais de um mistério.
O mundo dos Espíritos se compõe de almas de todos os humanos desta Terra e de outras esferas, desligadas dos laços corporais; do mesmo modo, todos os humanos são animados por Espíritos neles encarnados. Há, pois, solidariedade entre os dois mundos: os homens terão as qualidades e as imperfeições dos Espíritos com os quais estão unidos; os Espíritos serão mais ou menos bons ou maus, segundo os progressos que tiverem feito durante a sua existência corporal. Essas poucas palavras resumem toda a doutrina. Como os atos dos homens são o produto do seu livre arbítrio, levam a marca da perfeição ou da imperfeição do Espírito que os provocam. Ser-nos-á, pois, muito fácil fazermos uma idéia do estado moral de um mundo qualquer, segundo a natureza dos Espíritos que o habitem; poderemos, de algum modo, descrever a sua legislação, traçar o quadro dos seus costumes, dos seus usos, das suas relações sociais. Suponhamos, pois, um globo habitado, exclusivamente, por Espíritos da nona classe, por Espíritos impuros, e a ele nos transportemos pelo pensamento. Nele veremos todas as paixões desencadeadas e sem freio; o estado moral no último grau de embrutecimento; a vida animal em toda a sua brutalidade; nada de laços sociais, porque cada um não vive e não age senão para si e para satisfazer os seus apetites grosseiros; o egoísmo nele reina com soberania absoluta, e arrasta consigo o ódio, a inveja, o ciúme, a cupidez, a morte.
Passemos, agora, para uma outra esfera, onde se encontrem Espíritos de todas as classes da terceira ordem: Espíritos impuros, Espíritos levianos, Espíritos pseudo-sábios, Espíritos neutros. Sabemos que, em todas as classes dessa ordem, o mal domina; mas, sem terem o pensamento do bem, o do mal decresce à medida que se afastam da última classe, O egoísmo é sempre o móvel principal das ações, mas os costumes são mais brandos, a inteligência mais desenvolvida; o mal, aí, estará um pouco disfarçado, enfeitado e dissimulado. Essas próprias qualidades, engendram um outro defeito, que é o orgulho; porque as classes mais elevadas são bastante esclarecidas para terem consciência da sua superioridade, mas não o bastante para compreenderem o que lhes falta; daísua tendência à escravização das classes inferiores, e de raças mais fracas, que tenham sob o seu jugo. Não tendo o sentimento do bem, não têm senão o instinto do eu e acionam a sua inteligência para satisfazerem as suas paixões. Numa tal sociedade, se o elemento impuro domina, esmagará o outro; no caso contrário, os menos maus procurarão destruir os seus adversários; em todos os casos, haverá luta, luta sangrenta, luta de extermínio, porque são dois elementos que têm interesses opostos. Para proteger os bens e as pessoas, serão necessárias leis; mas essas leis serão ditadas pelo interesse pessoal e não pela justiça; o forte as fará, em detrimento do fraco.
Suponhamos, agora, um mundo onde, entre os elementos maus que acabamos de ver, se encontrem alguns dos de segunda ordem; então, em meio da perversidade, veremos aparecer algumas virtudes. Se os bons estiverem em minoria, serão vítimas dos maus; mas, à medida que aumente a sua preponderância, a legislação será mais humana, mais eqüitativa, e a caridade cristã não será, para todos, uma letra morta. Desse próprio bem, vai nascer um outro vício. Malgrado a guerra que os maus declarem, sem cessar, aos bons, não poderão impedi-los de os estimar em seu foro íntimo; vendo a ascendência da virtude sobre o vício, e não tendo nem a força e nem a vontade de praticá-la, procurarão parodiá-la; tomam-lhe a máscara; daí os hipócritas, tão numerosos em toda sociedade onde a civilização é imperfeita.
Continuemos nossa rota através dos mundos, e detenhamo-nos neste, que nos vai repousar um pouco do triste espetáculo que acabamos de ver. Não é habitado senão por Espíritos da segunda ordem. Que diferença! O grau de depuração que alcançaram exclui, entre eles, todo pensamento do mal, e só essa palavra nos dá a idéia do estado moral dessa feliz região. A legislação, aí, é bem simples, porque os, homens não têm do que se defenderem, uns contra os outros; ninguém quer o mal para o seu próximo, ninguém se apropria do que não lhe pertence, ninguém procura viver em detrimento do seu vizinho. Tudo respira a benevolência e o amor; os homens não procuram se prejudicar; não há ódio; o egoísmo é desconhecido e a hipocrisia não teria finalidade. Aí, todavia, não reina a igualdade absoluta, porque a igualdade absoluta supõe uma identidade perfeita no desenvolvimento intelectual e moral; ora, veremos, pela escala espiritual, que a segunda ordem compreende vários graus de desenvolvimento; haverá, pois, nesse mundo, desigualdades, porque uns serão mais avançados do que outros; mas, como entre eles não há senão o pensamento do bem, os mais elevados não conceberão nada de orgulho, e os outros nada de ciúme. O inferior compreende a ascendência do superior e se submete, porque essa ascendência é puramente moral e ninguém dela se serve para oprimir.
As conseqüências que tiramos, desses quadros, embora apresentadas de um modo hipotético, não deixam de ser perfeitamente racionais, e, cada um pode deduzir o estado social de um mundo qualquer, segundo a proporção dos elementos morais dos quais se o supõe composto. Vimos que, abstração feita da revelação dos Espíritos, todas as probabilidades são para a pluralidade dos mundos; ora, não é menos racional pensar que todos não estão num mesmo grau de perfeição, e que, por isso mesmo, nossas suposições podem muito bem ser realidades. Não os conhecemos, senão o nosso, de um modo positivo. Que categoria ele ocupa nessa hierarquia? Ah! basta considerar o que aqui se passa para ver que está longe de merecer a primeira categoria, e estamos convencidos de que, lendo estas linhas, já se lhe terá marcado seu lugar. Quando os Espíritos nos dizem que estão, senão na última, pelo menos nas últimas, o simples bom senso nos diz, infelizmente, que não se enganam; temos muito a fazer para elevá-lo à categoria daquele que escrevemos em último lugar, e temos muita necessidade que o Cristo venha nos mostrar o caminho.
Quanto à aplicação, que podemos fazer, do nosso raciocínio, aos diferentes globos do nosso turbilhão planetário, não temos senão os ensinamentos dos Espíritos; ora, para quem não admite senão provas palpáveis, é positivo que sua asserção, a esse respeito, não tenha a certeza da experimentação direta. No entanto, não aceitamos, todos os dias com confiança as descrições, que os viajantes nos fazem, de países que jamais vimos? Se nós não devêssemos crer senão por nossos olhos, não creríamos em grande coisa. O que dá aqui, um certo peso ao dizer dos Espíritos, é a correlação que existe entre eles, pelo menos nos pontos principais. Para nós, que fomos cem vezes testemunhas dessas comunicações, que pudemos apreciá-las em seus menores detalhes, que nelas escrutamos o forte e o fraco, observamos as semelhanças e as contradições, encontramos todos os caracteres da probabilidade; todavia, não lhes damos senão sob benefício de inventário, a título de notícias, aos quais cada um está livre para ligar a importância que julga adequada. Segundo os Espíritos, o planeta Marte seria ainda menos avançado do que a Terra; os Espíritos que nele estão encarnados pareceriam pertencer, quase exclusivamente, à nona classe, a dos Espíritos impuros, de sorte que o primeiro quadro, que demos acima, seria a imagem desse mundo. Vários outros pequenos globos estão, com algumas nuanças, na mesma categoria. A Terra viria em seguida; a maioria de seus habitantes pertence, incontestavelmente, a todas as classes da terceira ordem, e a parte menor às últimas classes da segunda ordem. Os Espíritos superiores, os da segunda e da terceira classe, nela cumprem, algumas vezes, uma missão de civilização e progresso, e são exceções. Mercúrio Saturno vêm depois da Terra. A superioridade numérica de bons Espíritos lhes dá a preponderância sobre os Espíritos inferiores, do que resulta uma ordem social mais perfeita, relações menos egoístas, e, por conseqüência, uma condição de existência mais feliz. A LuaVênus estão quase no mesmo grau e, sob todos os aspectos, mais avançados do que Mercúrio e Saturno. Juno (Juno é o nome de uma divindade itálica. Deve ter ocorrido um lapso do autor, uma vez que não ha, no nosso sistema solar, nenhum planeta com este nome. N. do T.) e Urano seriam ainda superiores a esses últimos. Pode-se supor que os elementos morais, desses dois planetas, são formados das primeiras classes da terceira ordem e, na grande maioria, de Espíritos da segunda ordem. Os homens, neles, são infinitamente mais felizes do que sobre a Terra, pela razão de que não têm nem as mesmas lutas a sustentar, nem as mesmas tribulações a suportar, e não estão expostos às mesmas vicissitudes físicas e morais.
De todos os planetas, o mais avançado, sob todos os aspectos, é Júpiter. Ali, é o reino exclusivo do bem e da justiça, porque não há senão bons Espíritos.Pode-se fazer um idéia do feliz estado dos seus habitantes pelo quadro que demos do mundo habitado sem a participação dos Espíritos da segunda ordem.
A superioridade de Júpiter não está somente no estado moral dos seus habitantes; está, também, na sua constituição física. Eis a descrição que nos foi dada, desse mundo privilegiado, onde encontramos a maioria dos homens de bem que honraram nossa Terra pelas suas virtudes e seus talentos.
A conformação dos corpos é quase a mesma desse mundo, mas é menos material, menos denso e de uma maior leveza específica. Ao passo que rastejamos penosamente na Terra, o habitante de Júpiter se transporta, de um lugar para outro, roçando a superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo a matéria, da qual o corpo está formado, mais depurada, ela se dissipa, depois da morte, sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não existe a maioria das enfermidades que nos afligem, sobretudo aquelas que têm sua fonte nos excessos de todos os gêneros e na desordem causada pelas paixões. A alimentação está em relação com essa organização etérea; não seria bastante substanciosa para os nossos estômagos grosseiros, e a nossa seria muito pesada para eles; ela se compõe de frutas e plantas, e, aliás, haurem, de algum modo, a maior parte do meio ambiente do qual aspiram as emanações nutritivas. A duração da vida é, proporcionalmente, muito maior que sobre a Terra; a média equivale a cinco dos nossos séculos. O desenvolvimento também é muito mais rápido, e a infância dura apenas alguns de nossos meses.
Sob esse envoltório leve, os Espíritos se desligam facilmente e entram em comunicação recíproca unicamente pelo pensamento, sem excluir, todavia, a linguagem articulada; também a segunda vista é, para a maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao dos nossos sonâmbulos lúcidos; é também porque se manifestam, a nós, mais facilmente do que aqueles que estão encarnados em mundos mais grosseiros e mais materiais. A intuição que têm do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos, fazem com que a morte não lhes cause nenhuma apreensão; vêem-na chegar sem medo e como uma simples transformação.
Os animais não estão excluídos desse estado progressivo, sem se aproximarem, entretanto, do homem, mesmo sob o aspecto físico; seus corpos, mais materiais ligam-se ao solo, como nós à Terra. Sua inteligência ó mais desenvolvida do que nos nossos; a estrutura dos seus membros se dobra a todas exigências do trabalho; são encarregados da execução de obras manuais; são os servidores e os operários: as ocupações dos homens são puramente intelectuais. O homem é, para eles, uma divindade, mas uma divindade tutelar que jamais abusa do seu poder para oprimi-los.
Os Espíritos que habitam Júpiter, geralmente, se comprazem, quando querem se comunicar conosco na descrição do seu planeta, e quando se lhes pergunta a razão, respondem que é a fim de nos inspirar o amor ao bem pela esperança de, para lá, ir um dia. Foi com esse objetivo que um deles, que viveu na Terra com o nome de Bernard Palissy, o célebre oleiro do décimo sexto século, empreendeu, espontaneamente e sem ser solicitado para isso, uma série de desenhos tão notáveis, tanto pela sua singularidade quanto pelo talento da execução, e destinado a nos dar a conhecer, até nos menores detalhes, esse mundo tão estranho e tão novo para nós. Alguns retratam personagens, animais, cenas da vida privada; mas, os mais notáveis, são aqueles que representam habitações, verdadeiras obras-primas das quais nada sobre a Terra poderia nos dar uma idéia, porque essa não parece com nada do que conhecemos; é um gênero de arquitetura indescritível, tão original e, no entanto, tão harmoniosa, de uma ornamentação tão rica e tão graciosa, que desafia a mais fecunda imaginação. O senhor Victorien Sardou, jovem literato e dos nossos amigos, cheio de talento e de futuro mas em nada desenhista, lhes serviu de intermediário. Palissy nos promete uma série que nos dará, de algum modo, a monografia ilustrada desse mundo maravilhoso. Esperamos que essa curiosa e interessante coletânea sobre a qual voltaremos num artigo especial consagrado aos médiuns desenhistas, poderá ser, um dia, entregue ao público.
O planeta Júpiter, apesar do quadro sedutor que dele nos foi dado, não é o mais perfeito entre os mundos. Há outros, desconhecidos para nós, que lhes são bem superiores, no físico e no moral, e cujos habitantes gozam de uma felicidade ainda mais perfeita; lá é morada dos Espíritos mais elevados, cujo envoltório etéreo nada mais tem das propriedades conhecidas da matéria.
Várias vezes, perguntaram-nos se pensamos que a condição do homem nesse mundo é um obstáculo absoluto a que pudesse passar, sem intermediário, da Terra para Júpiter. A todas as questões que tocam à Doutrina Espírita, jamais respondemos segundo as nossas próprias idéias, contra as quais estamos sempre desconfiando. Limitamo-nos a transmitir o ensinamento que nos foi dado, ensinamento que não aceitamos com leviandade e com um entusiasmo irrefletido. À questão acima, respondemos simplesmente, porque tal é o sentido formal das nossas instruções e o resultado das nossas próprias observações: SIM, o homem, deixando a Terra, pode ir imediatamente para Júpiter, ou para um mundo análogo, porque esse não é único dessa categoria. Pode-se disso ter certeza? NÃO. Pode-se para lá ir porque há, sobre a Terra, embora em pequeno número, Espíritos bastante bons e bastante desmaterializados para não serem deslocados para um mundo onde o mal não tem acesso. Não há a certeza disso, porque pode-se se iludir sobre o mérito pessoal, e pode-se, aliás, ter uma outra missão a cumprir. Aqueles que podem esperar esse favor, não são, seguramente, nem os egoístas, nem os ambiciosos, nem os avaros, nem os ingratos, nem os ciumentos, nem os orgulhosos, nem os vaidosos, nem os hipócritas, nem os sensuais, nem nenhum daqueles que estão dominados pelo amor aos bens terrestres; a estes, talvez, seja preciso, ainda, longas e rudes provas. Isso depende de sua vontade.

sábado, 27 de agosto de 2011

A Pluralidade dos Mundos


Allan Kardec - Revista Espírita, Março de 1858

Quem ainda não se perguntou, ao considerar a Lua e os outros astros, se esses globos são habitados? Antes que a ciência nos houvesse iniciado à natureza desses astros, era possível a duvida; no estado actual de nossos conhecimentos, ao menos existe a probabilidade; mas a esta ideia, realmente sedutora, fazem-se objecções tiradas da própria ciência. Diz-se que a Lua, ao que parece, não tem atmosfera e, possivelmente, não tem água. Em Mercúrio, à vista de sua proximidade do Sol, a temperatura média deve ser a do chumbo em fusão, de maneira que se ali houver chumbo, este deve correr como a água dos nossos rios. Em Saturno dá-se o oposto; não temos um termo de comparação para o frio deve ali existir; a luz do Sol deve ser lá muito fraca, apesar da reflexão das suas sete luas e do seu anel, pois àquela distância o Sol deve parecer como uma estrela de primeira grandeza. Em tais condições pergunta-se se é possível a vida.

Não se compreende que semelhante objeção possa ser feita por homens sérios. Se a atmosfera da Lua não foi percebida será racional inferir que não exista? Não poderá ser constituida de elementos desconhecidos ou bastante rarefeitos para não produzirem refracção sensível? O mesmo diremos da água e dos líquidos ai existentes. Em relação aos seres vivos, não seria negar o poder divino julgar impossível uma organização diferente da que conhecemos, quando às nossas vistas a providência da Natureza se estende com uma solicitude tão admirável até o menor insecto e dá a todos os seres órgãos apropriados ao meio em que devem habitar, quer seja a água, o ar ou a terra, quer mergulhados na escuridão, quer expostos à luz do Sol? Se jamais houvéssemos visto um peixe, não poderíamos conceber seres vivendo na água; não faríamos uma ideia de sua estrutura. Até bem pouco tempo quem teria acreditado que um animal pudesse viver indefinidamente no seio de uma pedra? Mas sem falar desses extremos, os seres que vivem sob o fogo da zona tórrida poderiam existir nos gelos polares? Entretanto nos gelos há seres organizados para esse clima rigoroso, que não poderiam suportar a ardência de um sol vertical. Por que, então, não admitir que certos seres possam ser constituídos de maneira a viver em outros globos e em um meio completamente diverso do nosso? Por certo, sem conhecer a fundo a constituição física da Lua, nós sabemos o bastante para assegurar que ali não poderia viver, como não o podemos em companhia dos peixes no seio do Oceano. Pela mesma razão os habitantes da Lua, se um dia pudessem vir à Terra, uma vez que constituídos para viver sem ar ou num ar muito rarefeito, talvez completamente diverso do nosso, seriam asfixiados em nossa espessa atmosfera, como nós quando caímos na água. Ainda uma vez, se não temos a prova material e de visão da presença de seres que vivem em outros mundos, nada prova que não possam existir organismos apropriados a um meio ou a um clima qualquer. Ao contrário, diz-nos o simples bom-senso que assim deve ser, pois repugna à razão crer que esses inumeráveis globos que circulam no espaço sejam simples massas inertes e improdutivas. A observação ai nos mostra superfícies acidentadas, como aqui, por montanhas, vales, abismos, vulcões extintos e em actividade. Por que então não haveria aí seres orgânicos? Seja, dirão; talvez haja plantas e até animais; mais seres humanos, homens civilizados como nós, conhecendo Deus, cultivando as artes, as ciências, será possível?

Com certeza nada prova matematicamente que os seres que habitam os outros mundos sejam homens como nós, ou que sejam mais ou menos adiantados que nós, do ponto de vista moral. Mas quando os selvagens da América viram desembarcar os Espanhóis, não tiveram mais dúvidas de que além dos mares existia um outro mundo cultivando artes que lhe eram desconhecidas. A terra é pontilhada de inumerável quantidade de ilhas, grandes e pequenas e tudo o que é habitável é habitado; não surge no mar um rochedo sem que imediatamente o homem ai não plante a sua bandeira. Que diríamos nós se os habitantes de uma das menores dessas ilhas, conhecendo perfeitamente a existência de outras ilhas e continentes, mas não tendo tido nunca relações com os que os habitam, se considerássem os únicos seres vivos do globo? Dir-lhes-íamos: como vocês podem crer que Deus tenha feito o mundo somente para vocês? Por que estranha bizarria a pequena ilha de vocês, perdida na solidão do Oceano teria o privilégio de ser a única habitada? O mesmo poderemos dizer em relação às outras esferas. Por que a Terra, pequeno globo imperceptível na imensidão do universo, que se não distingue dos outros planetas nem por sua posição, nem por seu volume, nem por sua estrutura, pois nem é a maior nem a menor, nem está no centro, nem nos extremos, por que, dizia eu, entre tantas outras, seria ela a única residência de seres racionais? Qual homem sensato que poderia pensar que esses milhões de astros que brilham sobre as nossas cabeças foram feitos para recreiar os nossos olhos? Qual seria, então, a utilidade desses milhões de globos imvisíveis a olho nu e que não servem nem mesmo para nos iluminar? Não seria orgulho e impiedade pensar que assim fosse? Aqueles a pouco importa a impiedade diremos que é ilógico.

Chegamos, pois, por um simples raciocínio, que muitos outros fizeram antes de nós, a concluir pela pluralidade dos mundos. E tal raciocínio acha-se confirmado pela revelação dos Espíritos. Realmente eles nos ensinam que todos esses mundos são habitados por seres corpóreos, apropriados à constituição física de cada globo; que entre os habitantes desses mundos uns são mais, outros menos adiantados do que nós, do ponto de vista intelectual, moral e mesmo físico. Ainda mais: hoje sabemos que é possível entrarmos em relação com eles e obter esclarecimentos sobre o seu estado; sabemos ainda que não só todos os globos são habitados por seres corpóreos, mas, que o espaço é povoado por seres inteligentes, invisíveis para nós, por causa do véu material lançado sobre a nossa alma e que revelam a sua existência por meios ocultos ou patentes. Assim, tudo é povoado no Universo; a vida e a inteligência estão por toda parte: em globos sólidos, no ar, nas entranhas da terra, e até nas profundezas etéreas. Haverá em tal doutrina algo que repugne à razão?

Não é, ao mesmo tempo, grandiosa e sublime? Ela nos eleva por nossa mesma pequenez, bem ao contrário desse pensamento egoístico e mesquinho, que nos coloca os únicos seres dignos de ocupar o pensamento de Deus.



Fonte: http://www.forumespirita.net/fe/pluralidade-dos-mundos-habitados/pluralidade-dos-mundos/?PHPSESSID=0290913e24a8b1a8f421a65634f1e0ee#ixzz1WGvpNicz


A preguiça


Revista Espírita, junho de 1858

Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Hermance Dufaux

(5 de maio de 1858)

Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lho em seu coração.

O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.

Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.

Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.

Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.

Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor Cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.






sábado, 20 de agosto de 2011

Mediunidade Conceitos e Tipos

è O que é a Mediunidade?
Lamatine Palhano Jr. Em seu “Dicionario da Filosofia Espírita”, conceitua mediunidade como sendo uma faculdade inerente ao homem que permite a ele a percepção, em um grau qualquer, da influencia dos espíritos. Não constitui privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, depende de um organismo mais ou menos sensitivo.
è Como ocorre o desenvolvimento da Faculdade Mediúnica?
O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não podendo, consequentemente, quando o principio não existe.
As relações entre os espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Combinado os fluidos perispiriticos não só transmitem aos médiuns seus pensamentos, como também chegam a exercer sobre eles uma influência física, fazem-nos agir e falar à sua vontade. Todavia, a elevação moral do médium e seu controle sobre a faculdade que possuí impedira que os espíritos inferiorizados se adonem da sua faculdade e paralisem-lhe o livre arbítrio.
è Mediunidade – Classificação segundo seus Efeitos:
São os que sensibilizam diretamente os órgãos dos sentidos dos observadores. Podem se apresentar sob variadas formas, tais como:
Materialização: A materialização, de acordo com a Doutrina Espírita, é o fenômeno mediúnico no qual um espírito desencarnado ou um objeto qualquer, não proveniente do mundo físico, torna-se visível e tangível. É, portanto, uma manifestação de efeitos físicos. Afirmam as obras espíritas que, para que um espírito desencarnado materialize o seu perispírito ou um objeto inexistente no mundo físico, ele tem que fazer uso de uma substância semi-material exalada pelos seres vivos em geral e, em maior quantidade, pelos médiuns de efeitos físicos, chamada de ectoplasmaFonte: Wikipedia
Transfiguração: Modificação dos traços fisionômicos do próprio médium.
Levitação: Erguimento de objetos e/ou pessoas, contrariando a Lei Gravidade.
Transporte: Entrada e saída de objetos de recintos.
Bilocação ou Bicorporiedade: Aparecimento do espírito do médium desdobrado sob forma materializada, em lugar diferente ao do corpo.
Voz Direta: Vozes dos espíritos que soam pelo ambiente, independentemente do médium (em termos), através de uma garganta ectoplasmática.
Escrita Direta: Palavras, frases, mensagens, escritas sem a utilização da mão o médium.
Tiptologia: Sinais por pancadas formando palavras e frases inteligentes.
Sematologia: Movimento de objetos sem contato físico, traduzindo uma vontade, um sentimento, etc.
è Fenômenos de Efeitos Intelectuais ou Subjetivos:
Intuição: Uma modalidade de telepatia, quando a transmissão do pensamento se dá por meio do espírito do médium, ou melhor, de sua alma. Ela recebe pensamento do espírito que se manifesta e o transmite. Nessa situação o médium tem a consciência do que fala ou escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento
Vidência: Faculdade anímica ou mediúnica que permite a uma pessoa perceber imagens da vida espiritual, e mesmo da vida corpórea, independentemente do tempo e da distancia.
Audiência:  Da mesma forma, faculdade anímica ou mediúnica que permite a uma pessoa escutar os sons do mundo espiritual.
Desdobramento: Estado no qual o espírito do percipiente desloca-se e vai até outros lugares, distantes ou não, fora da dimensão tempo/espaço, e descreve o que se vê e o que faz.
Psicometria: Faculdade que tem o médium de estabelecer contato com toda a vida psíquica de alguém, coisa ou ambiente, podendo perscrutar o passado, o presente e o futuro, bastando para isso que entre em contato com o nome ou um objeto relacionado.
Psicografia: É a escrita sob a influência dos espíritos. Os espíritos escrevem, impulsionando a mão do médium, seja por uma forte intuição, por um controle parcial do centro motor e com ciência do médium ou por uma ação mecânica absoluta.
Psicofonia: Fenômeno mediúnico que, associado ou não a outras modalidades da mediunidade, possibilita a um espírito falar através do aparelho fonador do médium.
Obs. À generalidade destes dois últimos tipos de fenômenos intelectuais (psicografia e psicofonia) tem-se denominado vulgarmente de “Incorporação Mediúnica”. Ressalta-se, todavia, que não ocorre a “introdução” do espírito ao corpo do médium, mas, sim, uma associação de seus fluidos com os do médium, resultantes das faixas vibratórias em que se encontrem e que pela lei de sintonia e da assimilação se identificam formando um complexo – Emissor – (espírito – desencarnado) e Receptor (médiun).
Fonte: O Livro dos Médiuns 




terça-feira, 16 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

O Espiritismo e a Ciência


Na Introdução de O Livro dos Espíritos1, item VII, Kardec se pronuncia sobre a Ciência dizendo:
"As ciências positivas repousam sobre as propriedades da matéria, as quais podem ser experimentadas e manipuladas à vontade; os fenômenos espíritas repousam sobre a ação de inteligências que têm vontade própria e que a todo instante provam que se não subordinam ao nosso capricho. (...) A Ciência, propriamente assim chamada, é, portanto, incompetente, como tal, a decidir na questão do Espiritismo; não tem que se haver com ele e seja, qual for a sua opinião, favorável ou não, não poderá ter significação".
Vemos o mesmo comentário em Einstein3 ao responder sobre se seria hora da fé ser substituída cada vez mais pelo conhecimento:
“Pois o método científico não pode nos ensinar nada mais além de como os fatos se relacionam e são condicionados entre si. (...) O conhecimento objetivo nos oferece poderosos instrumentos para o alcance de certos fins, mas a própria meta máxima e o desejo de alcançá-la devem vir de outra fonte. Aqui nos deparamos, portanto com os limites da concepção puramente racional da nossa existência (...)”.
Mas com isso, quereria Kardec dizer que devemos banir a Ciência do meio espírita? Não, Kardec se referia apenas aos detratores do Espiritismo. Se lermos com mais cuidado, com isenção de ânimos, podemos constatar, neste mesmo item VII de “O livro dos Espíritos”, que Kardec não tinha preconceito contra a Ciência:
"Não somos daqueles que demonstram indiferença na consideração aos homens de Ciência. Ao contrário os temos em alta estima e sentir-nos-íamos muito honrados se contássemos com alguns deles".
E mais adiante no mesmo item:
"O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal que, como indivíduos podem ter os cientistas, abstração feita de sua condição de cientistas".
É mesmo um mau hábito o fazer críticas apressadas e gratuitas, generalizando em vez de analisar, falando de assunto sobre o qual nada conhecem, como as que costumamos encontrar nos jornais e revistas espíritas e em reuniões em Centros Espíritas, quando o assunto é Ciência. Como diria Kardec, agora no item VIII da mesma referência:
"Acrescentamos que o estudo de uma doutrina, qual a espírita, que de chofre nos lança numa ordem de coisas tão nova e tão grande, só seria feito com proveito por homens sérios, perseverantes, isentos de preconceitos e animados por uma vontade firme e sincera de chegar a um resultado. Tal classificação não poderia ser aplicada aos que julgam a priori, levianamente e sem que tivessem visto tudo... tampouco poderia ser aplicado àqueles que, para não diminuírem o conceito em que são tidos como homens de 'espírito', se estafam por encontrarem um lado ridículo nas coisas mais verdadeiras".
Embora ele estivesse falando dos cientistas que procuravam ridicularizar o espiritismo, havia a pressuposição implícita de que os espíritas não possuíam esses vícios. Este o primeiro objetivo deste artigo, eliminar do meio espírita o preconceito que ainda existe contra a Ciência. Como segundo objetivo podemos colocar a questão de se a Ciência está apta a julgar a existência ou não da alma. Como vimos nas duas primeiras citações acima, tanto os espíritas quanto os cientistas estão de acordo que não é da competência da Ciência falar desses assuntos. Significa isso mais um motivo para o espiritismo se afastar da Ciência? É claro que não, e Kardec já dizia isso em A Gênese2 (pág. 20):
"O Espiritismo e a ciência se complementam um pelo outro. A ciência sem o Espiritismo se encontra na impossibilidade de explicar certos fenômenos unicamente pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a ciência lhe faltaria apoio e controle. O estudo das leis da matéria deveria preceder ao da espiritualidade, porque é a matéria que fere, primeiramente, os sentidos. O Espiritismo, vindo antes das descobertas científicas, teria sido obra abortada, como tudo o que vem antes de seu tempo".
E assim também Einstein3 em sua famosa frase:
"A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". (pág.144)
Mas o que dizer de um livro como “A Estrutura da matéria segundo os Espíritos”? Estaria tentando provar a existência da alma? Como poderia um livro ditado por espíritos, transmitindo conhecimentos dados em um curso no plano espiritual, justificar o Espiritismo para a Ciência mais do que o Espiritismo já o faz? Como pode um livro querer provar a existência dos Espíritos mais do que o próprio Espiritismo já o faz para aqueles que ainda não são espíritas? Considero este livro como uma notícia do plano espiritual sobre os estudos que estão sendo feitos por um grupo de Espíritos, constituindo-se numa demonstração do adiantamento de seus estudos, é verdade, mas que de nenhuma forma pode ser considerado uma teoria científica, embora possa servir de fonte de inspiração para cientistas que queiram dedicar suas vidas a isso. Ao invés de provar a existência da alma, ele está, principalmente, contribuindo para trazer os argumentos que faltavam para silenciar os detratores do Espiritismo, que se valem da Ciência para conseguir seus objetivos, ao demonstrar científicamente a possibilidade de outros planos da existência.
E o que dizer dos progressos científicos, poderão um dia tornar o espiritismo obsoleto? É Kardec ainda que responde em A Gênese2 (pág.40):
“O último caráter da revelação espírita, e que ressalta das próprias condições nas quais está feita, é que, apoiando-se sobre fatos, não pode ser senão essencialmente progressiva como todas as ciências de observação. Por sua essência, contrai aliança com a Ciência que, sendo a exposição das leis da natureza em certa ordem de fatos, não pode ser contrária à vontade de Deus, autor dessas leis. As descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de diminuí-lo; elas não destroem senão o que os homens estabeleceram sobre idéias falsas que fizeram de Deus. (...) O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a aceita”.
Finalmente um último objetivo deste trabalho é responder à questão: - Deve um espírita se preocupar com estudos científicos? Vejamos de novo o que nos falam os espíritos a respeito no Livro dos Espíritos1, na descrição da Escala Espírita, Segunda Ordem - Bons Espíritos:
"109. Quarta classe. ESPÍRITOS SÁBIOS. O que os distingue é, especialmente, a extensão dos conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão; mas só encaram a Ciência do ponto de vista de sua utilidade e não misturam com qualquer das paixões características dos Espíritos imperfeitos."
"111. Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES. Reúnem Ciência, sabedoria e bondade. Sua linguagem só transpira benevolência: é sempre digna, elevada, por vezes sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos darem as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites de conhecimento permissíveis ao homem. Comunicam-se de boa vontade com os que de boa fé buscam a verdade e cuja alma seja bastante desprendida dos laços terrenos para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos pela curiosidade ou que, por influência da matéria, se desviam da prática do bem."
Assim no meu entender, se todos vamos um dia chegar à perfeição, todos teremos de estudar ciência. Alguns o fazem antes de progredir na parte moral e outros primeiro avançam na evolução moral, mas todos devem atingir um nível elevado de moral e conhecimento científico. Portanto, não há razão para discriminarmos agora os cientistas. É verdade que muitos cientistas são ateus, materialistas, e empregam seu conhecimento para o mal desenvolvendo armamentos, vírus mortais, agrotóxicos, poluentes, clones e toda sorte de tecnologias que de alguma forma são contra a ética e a moral como a entendemos. Mas muitos se dedicam à pesquisa de medicamentos, vacinas, seleção de sementes, materiais substitutos biodegradáveis, e tecnologias que facilitam o trabalho humano, aumentam a produção de alimentos e permitirão no futuro um controle ainda maior sobre as doenças. Alguns poucos já são espíritas, tendo abandonado aquele tipo de pesquisa antiética, como condição indispensável para continuar sua evolução espiritual, e hoje podem estar se dedicando à divulgação do espiritismo.
Entretanto esta conclusão não deve nos levar a outra, de que o Espiritismo como doutrina, deva se ocupar dos estudos científicos. As teorias científicas são sempre transitórias e se tornam obsoletas, sendo substituídas por outras mais avançadas. Isto é válido mesmo quando um ensinamento nos for transferido por comunicação espírita, como se pode constatar nesta afirmação em A Gênese2 (pág.43):
“Os Espíritos não vêm para livrar o homem do trabalho do estudo e das pesquisas; não lhe trazem nenhuma ciência pronta; o que pode encontrar, ele mesmo, deixam-no às suas próprias forças; é o que os espíritas sabem perfeitamente hoje. Desde muito tempo, a experiência demonstrou o erro da opinião que atribuía, aos Espíritos, todo o saber e toda a sabedoria, e que bastava dirigir-se ao primeiro Espírito que chegasse para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, os Espíritos lhe são uma das faces; como sobre a Terra os há superiores e vulgares; muitos deles sabem, pois, científica e filosoficamente, menos do que certos homens; dizem o que sabem, nem mais nem menos; como entre os homens, os mais avançados podem nos informar sobre mais coisas, dar-nos conselhos mais judiciosos do que os atrasados. Pedir conselho aos Espíritos não é dirigir-se às forças sobrenaturais, mas aos semelhantes, àqueles mesmos a quem nos teríamos dirigido em seu viver: aos parentes, aos amigos, ou aos indivíduos mais esclarecidos do que nós”.
Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 1999.

Fonte:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/unidual/espiritismo-e-ciencia.html

domingo, 7 de agosto de 2011

Entrevista com o Grupo de Teatro que se Apresenta na Conjovem

1.  Qual o nome do grupo?
Alguns, na verdade a grande maioria é participante do Projeto "Arte pela Casa", da Diretoria de Artes da Fundação Allan  Kardec e outros são artistas que participam de atividades de arte ligados ao movimento espírita. Todos foram especialmente convidados para integrar a equipe de Artes da Conjovem 2011.


2.    Quem está respondendo a essas perguntas em nome do grupo?
Anderson Mattos, que fui convidado pelo Coordenador Geral do Evento, Elias Brasilino para coordenar a equipe de Artes. Eu convidei Sílvio Romano, que esteve comigo na linha de frente desse trabalho também respondendo pela coordenação. Éramos então 2 coordenadores. 

3.    Quem o coordena atualmente?
Atualmente eu coordeno o projeto Arte pela Casa, da Diretoria de Artes, de onde vieram a maioria dos trabalhadores. 

4.    Quem teve a iniciativa de formá-lo?
A FAK sempre incentivou o teatro na casa, a partir de 2010 foi criada uma Diretoria de Artes e foi criado um projeto chamado "Teatro pela Casa", que atende às solicitações da própria casa. 

5.    Quando o grupo teve início?
Este grupo está junto há muito tempo, e já realizaram muitos trabalhos. Temos alguns integrantes mais antigos e outros mais novos. Mas o teatro na FAK, onde tudo teve origem já existe há mais de duas décadas. 


6.    Como funciona a entrada de novos membros no grupo? Estamos abertos a novos integrantes, que participem das atividades da Fundação Allan Kardec e queiram ser trabalhadores da Artes. 



7.  De onde é tirado o roteiro e a idéia das apresentações? Quem é responsável pela trilha sonora que acompanha alguns momentos?
É a coordenação e a equipe pedagógica da Conjovem quem encaminha os textos que fazemos as adaptações ou passa a temática para que produzamos os textos. 

8.    Quanto tempo de ensaio é necessário para uma apresentação do gupo? E o figurino, o próprio grupo produz?
Cada apresentação tem uma dinâmica, algumas precisam de um tempo maior para a preparação dos atores e produção. No geral trabalhamos com antecedencia de dois meses. Trabalhamos com um processo de produção coletiva, mas na frente da produção de figurinos e cenários tivemos o Sílvio Romano, a Alessandra Saraiva e eu. 

9.  Sobre os ensaios. Eles ocorrem frequentemente ou apenas quando é solicitada a apresentação?
O grupo do Teatro pela casa reune-se semanalmente. Para a conjovem nos encontrávamos semanalmente, mais próximo do evento nos reunimos mais vezes por semana. 

10.  O grupo possui algum blog ou site?
Não. A Alessandra criou um blog para escolhermos as melhores performances e apresentação da conjovem 2011.
O grupo não tem um site, mas a partir deste ano criamos uma forma divertida de avaliar as ações da Conjovem e  reconhecer os esforços de cada um. Tivemos então a votação do Isaura Awards, onde foram premiadas as melhores performances de cada ator/atriz, produção e etc. O blog será atualizado com fotos dos eventos, da entrega do prêmio e ficará como registro de nossas ações na Conjovem. A votação ocorreu somente entre os trabalhadores da arte. http://isaurawards.blogspot.com/


11.    Quem são os integrantes atuais do grupo?
A maioria é da FAK.


12.  É mais trabalhoso montar uma apresentação de cunho moral para enfatizar algum ensinamento?
Todas as apresentações trazem algum ensinamento. Isso já é parte do nosso trabalho. Trabalhoso é, mas é muito prazeroso.